Um estudante de 18 anos, aprovado no curso de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) por meio do Provão Paulista, enfrenta um impasse após ter sua matrĂcula negada. Alisson dos Santos Rodrigues teve sua autodeclaração racial questionada pela comissão de heteroidentificação da instituição, que não reconheceu sua identificação como pardo.
O jovem, que participou da recepção dos calouros em 26 de fevereiro, recebeu a notĂcia da negativa por e-mail. Emocionado com a aprovação, Alisson dos Santos Rodrigues afirmou: "Eu realmente sou quem eu falo ser. Sempre me considerei pardo."
A tia do estudante, Laise Mendes dos Santos, destacou que todos os critérios estabelecidos pela USP foram seguidos. Além disso, ela relatou o processo de reavaliação virtual, onde Alisson leu sua autodeclaração, mas não foi questionado sobre sua identificação racial.
A famĂlia, que se esforçou para custear a viagem do interior de São Paulo até a capital para a recepção dos calouros, foi surpreendida com a negativa durante o evento. Mesmo com a possibilidade de recurso, a situação gerou indignação.
O que diz a USP?
A USP, por sua vez, alega que a deliberação final ocorreu em 23 de fevereiro, e todos os candidatos cientes do processo de heteroidentificação estavam condicionados ao resultado das bancas. Criado em 2022 para evitar fraudes nas cotas étnico-raciais, o processo de heteroidentificação da USP baseia-se apenas em fatores fenotĂpicos, sem considerar a história de vida dos candidatos.
Diante do impasse, a famĂlia do estudante conta com a assistĂȘncia jurĂdica da advogada Giulliane Jovitta Basseto Fittipald, nomeada pela Defensoria PĂșblica do Estado de São Paulo. O caso levanta discussões sobre a eficĂĄcia do processo de heteroidentificação e a importância de garantir que candidatos aprovados por meio de cotas sejam reconhecidos em sua identidade racial.
Fonte: Estadão