Essa coluna é baseada em fatos e acontecimentos, e, como sempre fazemos em todas as matérias jornalísticas aqui publicadas, essa também será embasada em imagens e relatos noticiados. O assunto de hoje será um tanto quanto contraditório e mostrará o motivo de acreditarmos que Telma Spera, candidata a prefeita de Assis pelo Partido Liberal, o PL, não é a candidata do Bolsonaro, reconhecidamente líder nacional do partido, e sim a candidata do Capitão Augusto, aquele mesmo que ocasionou, propositalmente ou não, a retirada da oncologia de Assis. Essa matéria provavelmente vai ficar um pouco mais extensa do que você gostaria, mas peço que faça um esforço e leia até o final.
Pra começarmos, falaremos um pouco sobre a figura do deputado federal Capitão Augusto, que em 2014, como noticiou o portal de notícias ourinhense Reporter Na Rua, já fazia seus primeiros movimentos pra que Ourinhos se credenciasse e recebesse seu próprio atendimento oncológico SUS, mesmo ainda sem tomar posse de seu cargo, o que aconteceria somente em 2015, mas o que ele já sabia e não levou em consideração é o fato de que isso significaria, obrigatoriamente, tirar o atendimento oncológico de Assis.
Só pra ficar claro, o atendimento oncológico, ou seja, de pacientes com câncer, é um atendimento de alta complexidade, o que impede que ele seja oferecido em todas as cidades por falta de estrutura e profissionais. Resumindo, na nossa região, pra que Ourinhos conseguisse o seu credenciamento, Assis deveria ser descredenciado.
Mas vamos voltar ao Capitão Augusto, deputado federal e padrinho da Telma Spera na disputa pela Prefeitura de Assis. Em março de 2017, o Capitão finalmente conseguiu completar sua missão, e, como noticiou o jornal Abordagem Notícias, Assis oficialmente perdeu a oncologia para Ourinhos, como mostrava o documento oficial publicado pelo portal. A matéria ainda completa dizendo que o deputado parecia ter "virado as costas" mesmo tendo sido bem votado em Assis, chegando aos 889 votos no ano de 2014.
Depois do oficial descredenciamento da oncologia na cidade de Assis, a prefeitura, por meio do prefeito José Fernandes, iniciou uma força tarefa para que a cidade voltasse a ser credenciada, apoiado em peso pelo Consórcio Intermunicipal do Vale do Paranapanema, o CIVAP. Vários capítulos dessa trama foram escritos desde então, porém, trataremos em um outro momento pois não é este o foco dessa reportagem.
A ligação entre Telma e Capitão Augusto não é de hoje e também engloba uma terceira figura importantíssima, a Dani Alonso, deputada estadual e esposa do Capitão.
Em agosto de 2023, como uma "coincidência" do destino, Telma é nomeada diretora do Hospital Regional de Assis, com a presença ilustre do casal Capitão Augusto e Dani Alonso. Ao que parece, supostamente a escolha da possível candidata a prefeita na cidade de Assis já estaria em processo avançado ou até mesmo definida.
Finalizando o assunto Capitão Augusto, por mais intrigante que isso seja, em 2018 o deputado duplicou seu número de votos em Assis e foi o quarto deputado federal mais votado na cidade, chegando aos 1798 votos. Já em 2022, mesmo depois de toda sua história negativa com a nossa oncologia, ele se tornou o deputado federal mais bem votado da cidade, com 2841 votos, ficando à frente até mesmo de grandes nomes da política como Guilherme Boulos e Eduardo Bolsonaro.
Utilizando o gancho e já iniciando o assunto família Bolsonaro, eu tenho certeza de que você já viu alguma imagem ou já ouviu alguma propaganda eleitoral que ligue as figuras do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua esposa Michelle Bolsonaro à Telma Spera, já que a mesma seria a representante do PL em Assis e candidata a prefeita pelo partido, porém, como relatamos no início dessa edição, na prática, um erro grotesco de cálculo da chapa do PL em Assis culminaria na perda do apoio da família Bolsonaro. É aí que entra o seu candidato a vice, Alexandre Cachorrão.
Aparentemente teve tanta gente focada em fazer a união Telma e Cachorrão sair do papel que foi ignorado o fato de que o partido de Alexandre, que hoje é conhecido como Avante, nada mais é que uma nova nomenclatura do Partido Trabalhista do Brasil, o PTdoB, e fez parte da coligação com o PT nas eleições presidenciais de 2022. O partido hoje tem como um de seus mais fortes representantes o deputado federal André Janones, figurinha conhecida da esquerda no Brasil, que inclusive foi réu no STF por injúria contra o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e também recentemente indiciado pela Polícia Federal por suposta participação em esquema de rachadinha.
Deixando explícita a insatisfação da família Bolsonaro com algumas chapas de candidaturas constituídas por representantes do PL nos municípios, no dia 31 de julho Michelle Bolsonaro publicou uma nota oficial no seu perfil do instagram, deixando bem claro que estava PROIBIDO qualquer coligação dos candidatos do PL com quaisquer partidos de esquerda. Poucos dias depois, o próprio Jair Bolsonaro prometeu apoiar rivais do PL nas cidades em que seus candidatos se aliassem à esquerda, colocando um ponto final em qualquer dúvida de que, indiretamente, o ex-presidente e sua esposa não apoiam a coligação.
Concluindo essa publicação, pra nós é claro que o PL de Assis não recebe o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu aprendi com um famoso líder político que quem constrói uma boa gestão no município, estado ou país não são os partidos e sim as pessoas, e é nisso que a gente deve acreditar. Estar em um partido, grande parte das vezes, não significa ter o apoio incondicional de quem o lidera, e, da nossa parte como cidadãos, não significa que a gente deva acreditar em tudo aquilo que um candidato diz levando em consideração somente seu número de urna.