Imagem: Kevin Winter/Getty Images - O diretor Walter Salles dedica o prêmio a Eunice Paiva, que, após uma perda irreparável durante o regime autoritário, escolheu resistir e lutar por justiça. Ele também homenageou as atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que deram vida a Eunice em diferentes fases da história.
O Brasil fez história na noite deste domingo (2), em Los Angeles, durante a cerimônia do Oscar 2025. O filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, venceu na categoria de Melhor Filme Internacional, tornando-se a primeira produção brasileira a conquistar a tão cobiçada estatueta da Academia.
O longa superou fortes concorrentes, incluindo o francês "Emilia Pérez", o iraniano "A Semente do Fruto Sagrado", a animação letã "Flow" e o dinamarquês "A Garota da Agulha". O prêmio foi anunciado pela atriz Penélope Cruz, e o discurso emocionado de Salles destacou a importância da vitória não apenas para o cinema brasileiro, mas também para a preservação da memória e da luta por justiça.
"Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não se calar e resistir. Esse prêmio é para Eunice Paiva", declarou o cineasta, homenageando a advogada e ativista que passou décadas buscando respostas sobre o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva, assassinado pela ditadura militar.
Além de Eunice, Salles dedicou o prêmio às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretaram Eunice em diferentes fases da vida. "Foram essas mulheres extraordinárias que deram vida a ela", completou o diretor.
Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens, "Ainda Estou Aqui" reconstrói a dor e a luta de uma família devastada pela repressão da ditadura militar no Brasil. A vitória no Oscar coroa uma trajetória de reconhecimento internacional e amplia o alcance de uma história que precisa ser lembrada.
Essa foi a quinta indicação do Brasil ao prêmio de Melhor Filme Internacional — antes chamado de Melhor Filme Estrangeiro —, após "O Pagador de Promessas" (1963), "O Quatrilho" (1996), "O Que É Isso, Companheiro?" (1998) e "Central do Brasil" (1999). No entanto, é a primeira vez que o país leva a estatueta nesta categoria.
A única produção falada em português que já havia vencido foi "Orfeu Negro", em 1960, mas o longa representava a França. Desta vez, o prêmio é integralmente brasileiro, consolidando o cinema nacional no panteão da sétima arte mundial.
Além da vitória histórica como Melhor Filme Internacional, "Ainda Estou Aqui" também foi indicado a Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e Melhor Filme, mas perdeu em ambas para "Anora", grande vencedor da noite.
A vitória de "Ainda Estou Aqui" no Oscar é um marco não apenas para o cinema, mas para a memória histórica e a valorização das histórias de resistência e luta por justiça no Brasil.
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Fonte: Portal G1